Capítulo 1 – A Plebéia!
Blitz na Avenida Recife.
Como ainda não tomei meu banho de sal anual fui parada no bafômetro. De novo!
Fiquei na fila, sim tinha uma fila, soprei os seis segundos e fui liberada.
Não antes de o guardinha perguntar:
- A senhora bebeu?
Eu respondi que não, mas o subtítulo da minha resposta era:
- Não bebi porque estava no teatro da UFPE e lá não vende bebida.
Se vendesse é provável que eu estivesse presa e impossibilitada de continuar escrevendo esse blog.
Aproveitando meu raro momento de vantagem perante a lei, ainda soltei piada e perguntei onde pegava a senha para entrar na fila do bafômetro, tamanha era a quantidade de pessoas esperando a guilhotina.
Uns presos, uns com multas, outros rindo dos presos e com multas.
A implacável lei sendo brilhantemente executada.
Oito agentes de trânsito, fiscais – para evitar suborno – e Secretaria da Saúde, todos juntos numa operação digna de holofotes e dizeres em neon: LEI SECA, EU APOIO, piscando em letras coloridas!
A plebe precisa entender, de uma vez por todas, que o item TAXI entra, para não mais sair, da nossa planilha dos gastos mensais. Na minha, feita em excell, o táxi fica ali entre o inglês de Victor e o plano de saúde familiar.
Capítulo 2 – O amigo do Rei
Enquanto isso, no Reino Encantado dos Arrecifes, o Secretário dos Transportes (veja bem, dos TRANSPORTES) foi parado por semelhante blitz. Não soprou bafômetro, pois os membros nobres da côrte, aparentemente, não precisam seguir as mesmas leis dos plebeus. O soldado do BPTran, teve uma amnésia providencial e ops; esqueceu de assinar a multa. Fato que se justifica estando ele diante do amigo do Rei, coisa muito importante! O nobre em questão, que atende pela graça de Isaltino, estava dirigindo uma carruagem, digo Hilux, alugada e paga pelo Estado. O carro já deveria ter sido devolvido, até porque o moço não é mais Deputado.
-E quem precisa ser Deputado quando se é amigo de você sabe quem?
A gente já falou sobre leis, né? Tudo indica que palavras como políticos e leis não podem ser usadas na mesma frase.
O nobre amigo do rei foi gentilmente encaminhado para seu palácio onde cura a ressaca.
Capítulo 3 – O Rei
Os súditos plebeus, no entanto, munidos de uma ingenuidade sem igual, esperavam que o rei fosse agir. Imaginaram que o monarca castigaria seu funcionário real no intuito de mostrar que a lei é para todos e usá-lo como bom exemplo do poder do Estado. Mas muito enganados estavam os pobres, trabalhadores e assalariados! Isaltino continua Secretário, o Rei continua Rei e eu e você, colega plebeu, continuamos pegando a senha e esperando nossos números serem chamados no grande painel da impunidade e injustiça. O meu é o número 2.346.
Sente e aguarde pacientemente ser chamado para enfrentar a guilhotina.
A menos que você seja amigo do rei, claro.
Moral da história: é melhor ir para passárgada!