Virada Cultural também é moda!

Os sinais de trânsito da nossa ensolarada Hellcife vão virar passarelas da moda! Quatro estilistas mostram suas coleções em lugares inusitados da cidade durante a programação da Virada multicultural, que acontece esse fim de semana.

Então, se liga na programação!

A Avenida Monstro!

Recife não é pequena. Pelo menos não é das menores.

Mas, por aqui, apenas uma e gigante avenida liga tudo a todo canto: a Agamenon Magalhães! Adriana Falcão uma vez escreveu que é a única cidade do mundo que, para onde quer que você vá, tem necessariamente que passar por uma mesma avenida. Seja norte, sul, leste ou oeste. Passa por lá.

Ela, a avenida monstro, faz parte da memória afetiva e do dia a dia agitado e engarrafado do povo caranguejo.

Quem não tem uma boa história pra contar sobre a Agamenon, bom recifense não é.

Foi lá, por exemplo, que eu fui assaltada pela primeira vez!  Lá também, foi minha primeira batida, meu primeiro beijo dentro do carro, meu primeiro carro rebocado, minha primeira amizade com um limpador de vidro, minha primeira multa, minha primeira troca de pneu.

Na história do Brasil, Agamenon foi promotor, governador, ministro.

Na tradição grega, foi o herói digno e austero da Ilíada, de Homero.

Na vida real, um caos!

Não se sabe quem vem, quem vai, quem está parado, quem mora, quem sobrevive dela. Deve ser, inclusive, a maior fonte de renda do Estado.

Sombrinha cinco reais, pipoca 50 centavos, bombom de café, cavaquinho (a comida), água, porta-cd, porta-celular, porta-paciência!

Porque uma coisa que se precisa (ou melhor, precisava, no pretérito imperfeito) para passar as longas horas nos engarrafamentos, era de paciência.

A frase foi para o passado porque desde a semana passada mudaram o trânsito da Avenida Agamenon Magalhães.

Acessos foram eliminados, linhas de ônibus alteradas, giros proibidos.

O trânsito flui com uma tranqüilidade que dá medo, com uma melancolia que dá pena.

Mas, para onde foram os 85 mil carros que diariamente engarrafam nossa avenida mãe? Entraram num bueiro? Trafegam agora pelo espaço aéreo? Usam a capa da invisibilidade de Harry Potter?

Não, eles estão agora engarrafando todas as ruas laterais, paralelas e transversais que passam num raio de 5 km da Agamenon Magalhães.

Nunca tinha percebido que a Avenida Conselheiro Portela, por exemplo, era tão bonita, nem tão arborizada. Provavelmente porque nunca passei tanto tempo parada nela.

Não sei se é a aproximação dos 40, mas me apego as coisas. Coisa de gente que está ficando velha, vai saber.  Me apego principalmente aos problemas. Porque problema antigo a gente sabe as estratégias pra driblar, pra amenizar.

Problema novo dá um trabalho danado pra se acostumar.

Então, sei lá, se era só pra mudar o problema de endereço, que ficasse como estava!

A matriarca Agamenon agradece!

Raincife Feelings!

Mais um dia comum para os pacatos moradores de Raincife!  Chuva e maré alta, uma combinação perfeita para levar nossa ensolarada cidade às manchetes nacionais. Caos, alagamentos, arrastão no Joana Bezerra, sinais quebrados, imbiribeira transbordando, Caxangá parada, classe média nos engarrafamentos, povão em pé nos ônibus.

Novidade? Nenhuma.

Enquanto isso, nosso Prefeito (carinhosamente apelidado de Juan De La Costa) passeia tranquilamente com a família em Madrid. Que assuntos políticos tão importantes são esses que levaram nosso querido representante do povo para mares tão distantes (justamente numa época de tantos transtornos como o começo do inverno) ?

Nenhum não. Só o feriado (que ele antecipou uns dias) de Semana Santa mesmo.

Ok, prefeito (que, há essas alturas, já perdeu até a letra maiúscula), entedemos que o senhor precisa de férias mas…PRECISAVA LEVAR A CTTU COM VOCÊ?  Pelo que tudo indica, aqueles guardinha chatos que só servem pra multar motoristas que falam ao celular, estavam igualmente estressados com o trânsito do Recife e se juntaram à comitiva do João. Devem estar bemmmm longe daqui, porque num tem umzinho na rua.

Mas, como esta blogueira que vos escreve está de folga hoje (#AmoSerFreela) e não precisou enfrentar 4 horas de trânsito para chegar ao serviço, está aqui, de pernas pra cima só pensando besteira.

Normalmente, essas besteiras vem acompanhadas de modelitos fashion, ideias de trends, modelas fazendo caras e bocas. Tudo isso, perfeitamente encaixada  na categoria FALTA DE NOÇÃO ou no tópico FORA DA REALIDADE.

Mas, veja o lado bom, , se você tá p….com o trânsito, seu carro boiou e você tá querendo que as eleições para troca de prefeito sejam amanhã, eu vim aqui hoje para tentar amenizar seu estresse (se é que é possível). Então, entre as desgraças do Recife que você vai assistir no NEtv e o sofrimento dos rubro negros (pós derrota contra as barbies), você pode ver aqui no Batida, fotos totalmente SEM nenhuma RELAÇÃO com a realidade.  Modelas lindas sorrindo debaixo de chuva, com figurinos incríveis e maquiagens maravilhosas (que estranhamente não borram nem com água). E, por alguns minutos, vai até esquecer que está molhada e com a calça arregaçada.

Ah, se o Prefeito pode, porque você não pode?

Quando uma cidade vira MARCA!

Sim, além de bolsas, roupas, sapatos, uma cidade também pode ser marca.

Não é fácil virar marca. Tem que ser de dentro pra fora. Primeiro o povo da cidade tem que acreditar que o lugar é o melhor do mundo, tipo aquele regionalismo/bairrismo de dar raiva. Depois, só depois, o resto do mundo vai acreditar também.

Quando uma cidade vira marca, ela tem produtos. Esses produtos por sua vez, não vendem uma praia paradisíaca, nem hoteis fantásticos, nem passeios de buggi, nem ruas modernas, nem museus….eles vendem um ESTILO DE VIDA. Tipo, quero ser carioca quando crescer, sabe?

Uma das cidades que faz isso super bem é Salvador! Provavelmente esse bairrismo arraigado estilo “baiano não nasce, baiano estréia” deve ter surgido com ACM (em práticas moralmente/politicamente duvidosas) mas, não importa. O importante é que o povo acreditou e transformou Savador em referência de música (por pior, na minha opinião, que ela seja), gastronomia, cultura, show. E por aí vai. A fitinha do Nosso Senhor do Bonfim é conhecida nacionalmente (se brincar, até internacionalmente) e já virou todo tipo de produto que se possa imaginar.

Agora eu pergunto: quando uma pessoa compra uma bolsa com estampa de fitinha, está comprando só uma bolsa? NÃO, está comprando o espírito baiano de ser.

Nova York não tem praias pra oferecer,  nem sol o ano inteiro.  Mas o mundo TODO quer ir pra lá. Você poderia querer ir para Sidney, ou Berlim, ou Praga mas você quer mesmo ir pra NEW YORK.  Por que? Porque algum engraçadinho disse I LOVE NEW YORK e pronto. O mundo todo passou a amar, sem nunca ter ido. A t-shirt com a declaração de amor a cidade deve ser o CASE de publicidade de maior sucesso do mundo. Acho que nem a camiseta com a clássica foto de Che Guevara vende tanto.  A marca nem é bonita, vamos combinar! Mas, mais uma vez, ela vende um estilo cosmopolita de vida. Você dizer/usar I LOVE NOVA YORK quer dizer que você é moderno, antenado, descolado, globalizado. E numa hora dessas, quem quer saber se lá faz um frio dos infernos? A gente quer mais é ir pra lá e tirar foto  pra colocar no Facebook e todo mundo ver! Vai dizer que não?

Tem coisa que dá mais raiva nesse mundo do que você entrar na FARM pra fazer umas comprinhas e encontrar aquela etiqueta (naquele vestido que você AMOU) dizendo: RIO R$90,00 , Resto do Brasil R$ 179,90. P….Que o P…, dá vontade de fingir um sotaque carioca e jurar que nasceu na Barra só pra comprar pelo preço carioca de ser!

Mas carioca é assim, ama ser carioca. Ama o sotaque carioca. Ama o sol carioca. E ama, principalmente, vender tudo isso para o mundo. Já viu algum gringo dizer que é louco pra conhecer o Piauí? Ou Maceió? Ou Campo Grande (que nem você que está lendo esse post/desabafo quer ir). Não. O mundo quer ir pro Rio.  O mundo quer ser bronzeado e ter aquela cor que só o carioca tem. O Rio virou filme, música, roupa, livro.  O Rio virou ideal de vida! Se você comprar uma canga de praia com a estampa do calçadão de Copacabana, você está dizendo “O Rio é o MÁXIMO”, certo?

Agora, porque danado NADA disso acontece no Recife?

Chegamos perto, é verdade. Na era Chico Science (diga-se de passagem, o único que conseguiu elevar nossa auto-estima) era cool ser do Recife. De repente, de uma hora pra outra, a cidade virou referência de música, moda, arte, novidade (principalmente novidade). Ser da Mangue Town era o MUST. Era massa. Aí, ele morreu. Pronto, a gente voltou a reclamar do calor (do qual metade do universo tem inveja), do cheiro do mangue, da falta de eventos, do tamanho da cidade. Nem ouvir Roger dizer que “Recife é a maior menor cidade do mundo” fez a gente se animar.

Sempre que penso no Recife (“cidade pequena, porém decente” como dizia meu avô), lembro de Adriana Falcão. Carioca que morou MUITOS anos por aqui, ela escreveu o livro A MÁQUINA. Nele ela descreve uma cidade chamada NORDESTINA e eu não tenho dúvida NENHUMA que ela se inspirou em Recife ao escrever:

“Naquele tempo Nordestina era uma cidadezinha desse tamanhinho assim, da qual se dizia, eita lugarzinho sem futuro. Antônio ouviu dizer isso desde pequeno e deu por certo o fato. Pra chegar a Nordestina tinha que se andar bem muito. É claro que ninguém fazia isso. O que é que uma pessoa is fazer num lugar que não tinha nada pra fazer? …..Entre Nordestina e a cidade que ficava antes dela tinha uma placa com os dizeres BEM-VINDO A NORDESTINA. Há quem diga que até o tempo de Antônio quase ninguém tomou conhecimento da existência dessa placa. O povo que morava da placa pra dentro imaginava uma risca no chão que separava Nordestina do resto do mundo. O povo que morava da placa pra fora não imaginava nada, jamais pensou no assunto e não tinha a menor ideia de que pra lá dali ainda tinha mais um pouco! “

Bom, se Recife não parece Nordestina, vai parecer já, já. Isso se a gente não tomar nenhuma providência. Enquanto o povo que mora aqui tiver como ideal de vida ir morar em São Paulo…(estilo retirante da seca) , estaremos numa cidadezinha do lado de cá da risca. Porém, no entanto, todavia, a gente sabe que nossa mangue town em NADA se parece com Nordestina. Aqui é massa. Mas será que o povo daqui já sabe disso?

Proponho: vamos transformar RECIFE em marca JÀ.

Publicitários, designers, estilistas, artistas, jornalista, UNI-VOS!

Vamos pensar num símbolo que represente Recife. Uma frase. Um desenho. Um estilo de vida. Porque, senhoras e senhores, daqui eu não saio nem a pau! E, quem quiser, que vá passar frio e respirar poluição em São Paulo.

Sou de Recife e me visto assim:

Nesse feriado fui no Shopping Tacaruna e ,claro, levei a camera.  Encontrei meninas super modernas com looks caprichados. Dá só uma olhada:

Figurino de passear no Shopping é assim; despojado, confortável e lindinho! Cada uma com seu estilo, mas todas mega antenadas nos trends do verão 2010/2011.